Mães e o dinheiro: sobre alternativas para o incômodo da dependência financeira

Uma mulher pode se sentir muito bem obrigada numa relação conjugal com a boa e velha parceria eu-cuido-dos-filhos-ele-traz-o-dinheiro. Mas algo fica cutucando dentro dela, incomodando que nem esses micuins do cerrado (que quem gosta de um bom mato sabe do que estou falando). Quantas profissionais, doutoras, empreendedoras, cavadoras, fazedoras se vêem dentro de casa sem um tostão que venha da sua atividade de ser mãe. Mas não queremos largar os pequenos, tanto esforço fizemos pra conseguir viver isso em paz, sem um contrato que nos mande deixar nosso bebê com leite da bombinha! Estamos lutando bravamente contra esse sistema que separa mães e filhos, um pro emprego e outro pra creche. Credo! Somos vitoriosas e haja criatividade pra encontrar um caminho do meio nesse meio doente. Mas vamos falar disso. Já é um passo. Essa unilateralidade de atividades tem que ter data de validade. Um plano com o companheiro, mas sobretudo um plano dentro dessa mulher, pra retomar outros horizontes. A gente tá no mundo demais para acreditar que espremer esse balão que voa pelo céu, avançando com a força de um fogo, cheio de sonhos, criações, vínculos e perspectivas, de repente vai ser facilmente pisado pela rotina doméstica. E essas crianças? Vão conhecer uma lona esmagada ou um balão que voa forte (com eles na cestinha, e por que não?)? Tem que inventar. Basta se assumir livre e criativa. Se estiver difícil, oxigenar as ideias com amigas, com a terapeuta, com seu silêncio interior... não sei. Algo que diga respeito a quem a gente sempre foi. (Palpito que empreender com inteligência é um bom caminho. Emprego e concurso me parece uma furada sem fim. Mas isso é outra conversa). O fato é que nós, mulheres, mães, temos mesmo é que ter o nosso dinheiro. Quer 3 razões? 1. Quando participamos da administração financeira da casa aparecem eventuais faltas de acordo, jogo de poder, lacunas de comunicação. 2. Assim a gente consegue olhar pro nosso parceiro e entender com clareza se estamos com ele pq precisamos ou pq queremos. Vejo mulheres precisando tanto que nem sabem se querem. E 3. Temos que mostrar pras nossas filhas que dinheiro é sim coisa de mulher.