Para alguém surgir, preciso me esvaziar
- raissavolker
- 18 de mai. de 2019
- 1 min de leitura
Atualizado: 20 de mai. de 2019

O silêncio interno é o maior desafio pra quem cuida de uma criança ou adolescente. Aceitar o ser humano no que veio ser, sustentar o espaço para que ele traga suas infinitas possibilidades. Sustentar. Sustentar, quem sabe, não ter mil amigos, não querer festa com tema, gostar de roxo e só roxo, querer cozinhar mais do que aprender física, ter coragem de questionar uma rotina insuportável, querer ir de caminhão e não de avião. Abrir o presente só depois de amanhã e não na frente da tia. Andar descalço e pisar nas pedrinhas pontudas. Não curtir música alta. Curtir música alta. Usar moletom preto no calor. Escolher namorados e não namoradas. Só consegue isso quem se abre pro seu próprio vácuo interno. Aceitar suas próprias contradições e mil facetas. Conseguir perceber o quanto o que esperamos dos filhos nada mais é do que o que achamos que os outros esperam de nós enquanto pais. Sabe, eu acho cada dia mais que a única coisa que uma criança precisa, em todos os espaços onde está, em casa ou na (ainda talvez inevitável) escola, é ser aceita e amada como é. Só isso. Infelizmente temos uma lista infindável (mesmo) de instruções para nós mesmos sobre instruções a dar pras crianças e adolescentes. Tudo pra garantir que a gente não falhou. Mas a notícia dura é que quanto mais a gente interfere tentando acoplar a criança no nosso vaso transbordante, mais elas, que vieram plenas, se tornam adultos vazios. Esses adultos que, na melhor das hipóteses, vão frequentar nossas salas para recuperarem a remota lembrança de quem são e o que mesmo vieram fazer aqui. #adolescencia#educaçãolibertadora #educaçãolivre#respeito #autopoiesis
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