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O grave risco de uma escola realmente fraca

  • Foto do escritor: raissavolker
    raissavolker
  • 23 de jun. de 2019
  • 2 min de leitura


Uma criança da cidade perguntou a uma indígena:

“Você ainda não sabe o que é dígrafo?"

"Não."

"Puxa, sua escola é fraca!”

Ele volta cabisbaixo para tribo. Compartilha isso com os adultos e um diz a ela:

"Pergunte a ele: 'Você sabe a melhor época pra plantar cada alimento? Sabe construir uma casa de barro? Você sabe pescar?' Se ele disser que não, aí você pode dizer a ele que a escola dele é fraca.”


Ouvi essa forte história de Célia Xakriabá, na abertura do IV CONANE.

E você? De que hoje você sente falta na sua vida? De saber se comunicar? De saber ter empatia com o outro? De ter claro o que você realmente deseja na vida, o que te faz feliz? De ser autoconfiante? De conseguir criar possibilidades de vida que estejam mais alinhadas com sua essência? De ser mais criativo? De ter aprendido a tocar aquele instrumento?

Ou de uma definição solta de um sentido, como dígrafos e tabela periódica, quem sabe da fórmula da aceleração?

O que te faz mais falta? Que habilidades, capacidades são importantes para sermos mais felizes e contribuirmos para nosso Planeta, incluindo, claro, a Humanidade?


A resposta eu já sei. E também sei que você se perguntou logo em seguida: Mas e o conhecimento? Fica de fora? E eu digo que eu vi e vejo com meus olhos (e todos os meus sentidos) que o desejo pelo conhecimento é inato ao humano, vem naturalmente. Isso se o espaço oferece um ambiente em que as habilidades emocionais podem ser simplesmente sustentadas (porque ninguém precisa aprender, por exemplo, a ser autoconfiante. Acontece que gerações desaprenderam, em ambientes desfavoráveis e tensos).


Uma escola fraca é aquela que não acolhe e responde às necessidades de um ser humano que está em desenvolvimento. Isso sim é uma escola fraca. Se fraqueza é definida pela criança não aprender conteúdo, sustento que escola fraca é aquela que dirige, impõe, conduz, silencia, contém. Porque assim não se aprende de verdade, se reproduz. Isso não leva a aprendizado, leva ao medo, stress e frustração. O desejo inato morre. A curiosidade morre. O corpo se encolhe.

Sabe onde as crianças aprendem de verdade? Onde podem ser felizes. Onde podem perguntar, se movimentar, tentar, errar (ERRAR!), experimentar, conversar. Sim, onde a criança possa conversar! Sempre! Porque é na interação com o outro que a gente cria, faz mais perguntas, aprende, potencializa nossas conexões. Sozinho, calado, sentado não.


Vejo muitas pessoas vendo os filhos sofrerem em uma escola convencional. Crianças cuja chama no olhar está se apagando. E têm medo de mudar para outros espaços porque têm medo de serem “escolas fracas”. Para os cuidadores dessas crianças, deixo aqui minha contribuição (e súplica) pra esse pensar, para quem tem coragem de aprofundar as perguntas. Para quê o conteúdo? Para quê assim?

O sofrimento escolar é hoje algo muito sério, afeta vidas. Vidas que colocam fim em si mesmas (e são assustadoramente cada vez mais). Vidas que perdem o sentido.

Uma boa notícia? Há escolas fortes! Pipocando por todo Brasil e pelo mundo. É cada sorriso de criança que a gente vê...

 
 
 

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