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O anel sufocante do conhecimento acadêmico sem experiência viva de corpo

  • Foto do escritor: raissavolker
    raissavolker
  • 18 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Ontem assisti cinco palestrantes, três dos quais leram as suas palestras. Recheadas de citações e frases tão bem elaboradas que haja concentração para acompanhar. Fiquei me lembrando de tantos anos de meio acadêmico, que me trouxeram tanto conhecimento importante, mas que só fui integrar na minha vida quando comecei a sentir, experienciar. Se o conhecimento não se torna experiência, o raciocínio vai, o corpo fica e, nessa soma subtraída, fica tudo mero papel. Foi assim que senti minha trajetória, foi bom lembrar e como eu queria poder dizer para aquelas pessoas o quanto eles vão precisar desconstruir, se não integrarem na alma simples a complexa lógica em que mergulham.

Mas não precisei. Vieram as duas que não leram, cheias de alma. Quem liderou o salão de dança foi quem para mim é uma grande mestra. Não sei se a apresento como bailarina, analista, peregrina, pensadora, escutadora dos corpos e sonhos... o que fez Adriana Ferreira fixar a atenção de todos na fala dela - sem querermos que acabasse - foi sua entrega com corpo-alma. Nada presa à academia, referências, textos pré-elaborados, deu aos corpos ali presentes o que eles pediam: presença inteira, integração de sentido. Palavras autênticas, espontâneas, de um conhecimento que vira experiência corporificada tocam, fazem sentir, criam imagens. Vi nativos americanos, as montanhas da Guatemala, homens com roupas coloridas, gays apanhando na rua, um ser "dois espíritos"... isso é transmissão, porque é de corpo pra corpo.

Infelizmente a academia institucionalizada segue desperdiçando tanto tempo por não entender que só se criam novos olhares vivos com experiência afetiva, relação e, nisso tudo, um corpo bem presente. Que bom que tem gente infiltrada aqui e ali, nos inspirando a tirar esse anel sufocante que quer nos arrancar a cabeça cheia de razão de um corpo que pulsa sangue e vida, vida viva de que precisamos pra mudar o mundo.


 
 
 

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