Meu filho não come
- raissavolker
- 2 de out. de 2018
- 2 min de leitura

Meu filho não come!!! Há um tempo, notei que minha pequena se dispersava no jantar, no almoço... que nervoso! Não sentava pra comer, nem olhava pro prato, se levantava, virava de costas. Não conseguia entender! Dispersa e agitada. Um dia caiu a ficha: me vi falando que, na nossa casa, sentamos à mesa para comer, com calma e respeito à comida e aos outros. Mas EU me ouvi e percebi que estava sempre em pé, rodando baratatonta pela cozinha, servindo um ou outro, esquentando mais um pouco a comida, adicionando à mesa algo da geladeira, super... dispersa e agitada! Sobre as crianças se alimentarem ou não, há muitos jeitos de ver essa questão, mas queria falar hoje do contexto: o ritual familiar. A comensalidade, aquela tradição de todo mundo junto na mesa, não é mais tão comum. Horários diferentes, tempos corridos, presenças nas telas e ausências de olhares. Os rituais ancoram o ser, fortalecem os papéis. Trazem algo que muito nos falta hoje: a sensação de pertencimento. Fazer parte desse grupo (dessa dupla, que seja) que estará aqui, nesse lugar, na mesma hora, todos os dias, chova ou faça sol, tristes ou alegres, após bons momentos ou após conflitos. Pra ser ritual, não basta ser recorrente, ser todo dia. Pra ser ritual, precisa ter sentido e, especialmente, ter presença. Como uma criança vai comer se os pais estão checando o celular, se a mãe está andando pela cozinha servindo a comida pros outros, se não estão todos ali, se chegam quando querem, saem logo que terminam? É estímulo demais pra processar. Não dá tempo de colocar a comida no meio de tudo isso, para ter ainda mais para digerir. Sempre fui uma defensora ardente desse ritual aqui em casa. Mas saquei, em certo momento, que eu até conseguia a duras custas, os outros sentados. Mas me fazer sentar era o mais difícil. É um profundo exercício diário, mas me vigio. Alguns bônus dessa mudança de atitude? A gente passa a curtir a comida, ouve cada história deliciosa na mesa, as crianças passam a demandar menos, a gente olha em volta e sente a nutrição do dia a dia, e... os filhos passam a comer melhor. Que nem a gente!
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