Mas como uma criança aprende a conversar?
- raissavolker
- 21 de mar. de 2019
- 2 min de leitura

Posso dizer mesmo? A gente precisa parar de deslegitimar os sentimentos dela. Queremos que uma criança seja respeitosa com o outro. Ok. Mas por que queremos isso? Na maior parte das vezes porque, se ela não for, isso diz de nós. Os outros vão nos julgar fracos, liberais, incompetentes. É ou não é? Aí impomos rapidamente um respeito, uma engolida de choro, uma respiração praquela raiva passar rápido, uma imposição para que peça desculpas para o outro imediatamente. Só que a criança só vai ser respeitosa com o outro se ela aprender a se respeitar e a sustentar que o outro a respeite. Se uma pessoa pegar seu celular e começar a usar sem te pedir, o que você vai sentir? Por que é que as crianças têm que ser diferentes? Nós, adultos, crescemos sem ter nossos sentimentos e necessidades legitimados. Tá na hora de parar de perpetuar isso pelas gerações sem fim. Como essa conversa será possível? Primeiro ela precisa ter seus sentimentos legitimados (não suas ações! Aceitar a raiva não significa bater em nós, no amigo, quebrar os copos...). Nada de pedir pra respirar quando a raiva está forte. Deixa a raiva acontecer, oferece almofada, um espaço, um tempo. Olha a situação, sem ouvir mil vozes que vêm à sua cabeça. Nomeie o sentimento que você percebe estar presente na criança. E perceba o que seu filho estava precisando que não foi atendido. A partir disso, toda uma conversa se abre. A partir de outro lugar. A necessidade pode ser atendida? Numa próxima vez? De outra forma? A gente foca na briga e quer que acabe logo. Mas com paciência, a gente ouve, sustenta, acolhe e ensina a conversar. Só de ler isso já deu pra sacar que o exercício MAIOR é a gente aprender a acolher os nossos sentimentos e necessidades também. O bom é isso. A gente reaprende, cresce com eles.
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