Filha, não aprendi antes, mas vamos aprender juntas?

Ah, filhota, posso tentar te guiar, mas vamos aprendendo juntas. Ocupada que estive estudando mesóclise, monocotiledônias e outras coisas que hoje nem me lembro o que são, não aprendi a conversar. Meus pais e meus professores também não aprenderam. Davam o seu melhor e nem sabiam que essas coisas a gente não nasce sabendo. Conversar não é abrir a boca e falar. Conversar envolve escutar, se conectar com você mesma e com o outro, perceber de que lugar interno você está partindo, revelar a você mesma as reais intenções em conversar. Quero provar que estou certa? Quero criar culpa? Quero comunicar meus sentimentos? Quero cultivar conexão? Ah, meu amor, é um exercício. Dever de casa, sabe, filha? Isso é um dever. Não aprender a conversar me custou muitos vínculos pelo caminho. Se eu tivesse dito a ele, com empatia e amor, o quanto sua ausência me era cortante... Se ele tivesse recebido ferramentas de conversa e conexão, talvez não tivesse fugido de nós... amizades desnutridas por falta de saber comunicar e conectar. Dores desnecessárias, muitas. Com uma boa dose de coragem, me comprometo, filha, a trabalhar por isso: um mundo onde os adultos orientem as crianças no que é realmente importante. Tendo isso em mãos, vocês mudam o rumo dessa história com a gente.