

Quando as pessoas chegam, me pedem para explicar um pouco como é a psicoterapia junguiana. Costumo dizer, inicialmente, que cada terapeuta é atravessado por sua própria história e por seus caminhos pessoais de aprofundamento. As credenciais acadêmicas, ainda que sejam importantes, por si só, não garantem uma abordagem padrão. O contato inicial com a analista/terapeuta é fundamental para que se sinta, ou não, uma disponibilidade para iniciar o processo.
Estando em permanente aprofundamento na leitura de Jung, pós-junguianos e autores contemporâneos, sinto que minha prática clínica é viva, tanto no tempo quanto no que cada um traz para o espaço do consultório. Minha caixinha de ferramentas de trabalho é acionada conforme a abertura e o desejo de cada um: desenhos, contato com o corpo, sonhos, dança, gestos, poesia, imaginação, música, olhar para a sincronicidade e outros recursos.
Cada pessoa traz sua linguagem familiar: há relação, jamais imposição. Recebo o que comparece.
O olhar mestre, porém, é para as manifestações daquilo que não controlamos. Sensações somáticas, sonhos, imagens... onde surgem? O que fazem conosco quando nos atravessam? A que nos convidam?
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Jung entendia a psique como um sistema em permanente autorregulação em direção à vida. Isso me encanta. E fico muito curiosa para receber as vias que a psique encontra de fazer vida. Assim, como uma planta nasce no asfalto, nos surpreende surgindo de uma fresta inesperada, assim a psique cria possibilidades para nós, às vezes no meio de aparente impossibilidade total.
Entendo, conforme Jung, que o espaço terapêutico é um espaço de ampliação de consciência e estabelecimento de relações com aquilo que nos habita e que nos atravessa. E é este o caminho que traçamos. De criar intimidade com o que comparece. O consultório é um espaço de experiência de si mesma, experiências ampliadas. Não há pré-condições, que não seja curiosidade e abertura. No mais, vamos alquimizando o processo, com todo cuidado que merece.